Povo Uuê

Eu caminho. Eu caminho por povos com vestes coloridas, tranças nos cabelos, sorrisos no rosto e nas mãos. Coques na cabeça, lenços nos ombros, hombridade no coração. Eu caminho. Caminho por povos que estão dentro da Terra. Existem lagos cristalinos, com pedras, cristais, seres animados. O nome deles é Uuê. Eles são caminhantes de vários tempos e de vários arados. Eles semeam a paz entre todos os homens. Eles sorriem, mas um sorriso de dentro. Não é um sorriso estampado. A presença deles é colorida, é esperança, é força. Eles sentam em círculo. Eles habitam a Terra desde muito tempo. Eles assistem os homens a destruir Pacha Mama. As mulheres Uuê choram e sopram ao Irmão Vento, rogando luz na consciência de nós, irmãos deste lado da superfície. Não existe fora ou dentro da Terra. Existem os lados que dançam unidos em si nessa dança cósmica. A rotação é imensa, por isso os espaços parecem fechados, mas existem frestas regulares a cada extensão de terreno. E o que está fora passa a estar dentro e o que está dentro passa a estar fora. Basta saber olhar além das aparências e o portal está lá. Porém, muitos somos de nós que faremos qualquer coisa para proteger estas passagens obscuras para os homens de ganância. Proteja! Proteja os portais daqueles que aqui viriam para arrancar todos os tesouros, esquecendo que o tesouro maior é a contemplação do Todo. Contemplar... Esta seria uma doce solução para o fim da matança, da destruição, da insatisfação. Por quê você não pode apenas contemplar a beleza de uma pedra rara, de uma árvore que te encantada, de uma flor cujo perfume é raro, de um pássaro nunca antes visto? Você precisa aprisionar até ver murchar a sua flor, rachar a sua pedra, perder a raiz da sua árvore e levar à miséria extrema a ausência de vôo do seu pássaro? Mas muitos homens são como nós, os Uuê, porque eles são nós. Eles são missionários. São amigos. São cristalinos. Eles podem ultrapassar as barreiras do aqui e do lá. Eles vêm e vão sem nada querer levar. Levam apenas a saudade e o desejo de voltar logo. Eles anseiam por sentarem-se de novo em volta da fogueira da Paz, onde ouvimos as Luas, olhamos os céus e oramos aos Sóis. As nossas naves são o nosso pensamento, e as nossas luzes são as fagulhas da nossa manifestação. Roda. Roda junto com o ar. Sopre. Sopre junto com o fogo. Sinta o calor da Terra. Sinta a rotação que influencia o seu coração. Ele pulsa. A Terra pulsa. Pacha Mama pulsa. O seu sangue corre, vermelho. Ele é seiva de Gaya. Seiva que leva a música, música da vida. O sangue vermelho escorre. Por dentro das suas veias. Existe uma força infinita que o faz continuar circulando. É a mesma força que une esta nossa amizade. É a mesma força que nos une mesmo em tempos de aparente desamparo. Mas está tudo vibrando e girando na luz, nas hastes desta nave-luz que é o nosso lar. O meu. O seu. O de todos os seres vivos. Escute o caminhar dos pássaros. Escute as pegadas das onças. Escute o piar das águias. Escute o calor do Sol. Escute os raios interestelares. Eles estão chegando até você. Onde você está parando para ouvir a sua música? Quais os tambores que te movem? Quais os lenços que você repousa em seus ombros? Qual a mensagem que eles trazem? O que as suas cores significam para o mundo? Como você se mostra a você mesmo por dentro? Desde quando você se proibiu a extensão das suas amizades? Desde quando você parou de ser grato pela carícia do seu cão, do seu gato? Desde quando você parou de quebrar as gaiolas? Desde quando você se afastou da sua humanidade?


O Conselho do Povo Uuê habitou regiões antigas e hoje áridas que estão no deserto dos Estados Unidos. Mas nos espalhamos pela Terra intraterrena. Existem vários povos, várias raças. Nós somos um dos Defensores da Paz. O nosso trabalho é bater o tambor e fazer vibrar a consciência Humana, com calor, com fogo, com vento, com o som das Aves. A nossa consciência não está além do que você pode compreender. Ela está dentro de todos nós. Estamos apenas reverberando algo que está dentro de ti.