Rio, 26 de março de 2011.
Querido Diário,
Hoje quem deu aula para nós não foi o Victor, foi a professora Samantha. A turma estava cheia, foi todo mundo para a nossa sala, da Shui Dao. No quadro, o tema da aula, escrito com giz rosa, - Uma viagem no destino – aos reinos do amor da alma – demonstrava o tom mais feminino da professora.
Juntaram três turmas. Os olhares curiosos se entrecruzavam, na busca do reconhecimento entre as pessoas. Sentamos todos no chão para fazer a meditação da manhã. Coluna ereta, atenção na respiração, mente serena...
“Quais são as referências do seu ser?” indagou a voz suave da professora. “Quais são elas?” questionava-nos ela, docemente. “São as estrelas? É a lua? É o dinheiro? É o seu status? É você mesmo? Quais são as suas referências?” Quietos, em posição de meditação, apenas deixávamos a nossa mente relaxar e ouvir aquelas palavras. “Sanar é devolver as referências para o ser...” dizia ela, vagarosamente.
Samantha usava uma roupa branca de algodão, leve e larguinha, um tecido vermelho-alaranjado transpassava o tronco, caindo vaporoso pelo corpo. Ela não é gorda, mas também não é magra: é fofinha. É aquele tipo de mulher que tem um pouco a mais de peso do que as capas de revista gostariam, mas continua linda. Ou, melhor, fica ainda mais graciosa assim! Ela usa óculos de armação preta. A pele é branca e os cabelos castanho-escuros lisos caem até o meio das costas em pontas.
Após a meditação, Samantha levantou-se. “Bom dia a todos!” saudou-nos, sorridente. “Tivemos que unir outras turmas hoje, porque o professor Victor viajou, e por isso a aula será sobre os Reinos Mutantes, e não sobre o Reino da Água como estava programado.” Ela fez uma pausa para o pessoal que chegou depois da meditação entrar. A porta de vidro se abriu e deu passagem a eles, que foram procurando espaços para sentar no tatame.
“Nós vamos lidar com enfermos,” falou a professora. “O shen (a mente) é o primeiro que enferma. A sua mente muda a sua forma de relação com o meio...” Eu anotava tudo avidamente. Ainda não faço parte do pessoal que só registra tudo no meio digital: eu preciso, eu gosto de escrever! Passo a aula toda rabiscando, desenhando tudo, levantando e abaixando a cabeça para olhar e voltar a escrever, olhar e voltar a desenhar. Não adianta me pedir para parar. Eu gosto assim.
“Geralmente, as tensões que as pessoas sofrem são as mesmas – são por causa de dinheiro, trabalho, sexo, família, relações pessoais – mas cada pessoa manifesta essa tensão de um jeito: gastrite, enxaqueca, crise de rins, dor na coluna, dor nas pernas...” continuava a professora.
“É verdade...” murmurei comigo mesma, e continuei anotando tudo...
“Mas... e quando um ser já não se reconhece mais como um Ser? E quando este Ser se avalia pelo aspecto econômico do status? Ou quando esse Ser se avalia pelo aspecto da aparência física? Esta é a causa da enfermidade... da perda da referência do Ser que verdadeiramente ele é...” revelou a nossa orientadora. Ela deu uma breve pausa no discurso, para deixar-nos refletir, e eu enchi o meu caderno com desenhos de estrelas e corações. “Eu sou o que eu amo fazer. Eu sou o meu coração,” escrevi. Depois, adicionei, “Eu sigo a voz do meu coração sempre.”
Nos lábios, um batom vermelho delimitava a beleza da forma feminina de Samantha. Suas mãos eram agora como a de um maestro: giravam em espiral, cortavam, espalhavam, apontavam. “O acupuntor é ignorante. Ele não sabe qual é a enfermidade que o paciente tem. Ele irá, a princípio, apenas observar,” dizia ela. “Como eu posso saber sobre a enfermidade de um paciente? Eu não sei nada sobre a enfermidade dele!” afirmou ela, deixando a turma em silêncio. Não deveríamos estudar para sermos excelentes acupuntores? Não deveríamos ouvir a pessoa e de um estalo já entender tudo?
“Eu posso falar de causa própria sobre a arrogância dos médicos da nossa sociedade,” revelou Samantha “porque eu sou formada em medicina. Eu mal podia acreditar no que eu ouvia quando eu estava com eles: “Deus faz milagres, mas quem cura é o médico.” Ou então: “Está Deus para curar e depois está o médico.” Samantha continuou, “O clã dos médicos é um clã sectarista. O juramento dos médicos é sectarista. Somente eles podem deter o poder de curar!” exclamou ela. E o enfermo se coloca nessa atitude: “Cure-me! Salve-me! Você, ó médico, detém o poder (conhecimento) para me salvar. Esta é a referência que as pessoas têm.”
“A verdade é que as possibilidades das causas de uma doença são muitas,” continuou Samantha. “O médico irá conhecendo o paciente. observando como a energia daquela pessoa se comporta nas diferentes estações do ano. Mas aqui, no ocidente, a pessoa quer tomar dez dias de antibiótico para ficar logo boa. Ela não quer dispor de tempo para se conhecer, para se curar de verdade. Não existe um pacote de dez sessões para curar dor no joelho!”
Eu pensei como ia ser bom aquele discurso estar sendo transmitido em cadeia nacional via rádio, televisão, satélite, tudo! As pessoas precisavam ouvir aquilo...
“O início de uma enfermidade pode se dar, por exemplo, porque a carga herdada geneticamente da mãe é diferente da herdada do pai, e essa diferença pode gerar um conflito interno constante dentro de uma pessoa,” falou Samantha.
As mexas dos cabelos de Samantha teimavam em cair na frente dos ombros, quando então ela gentilmente agarrava-a com a ponta dos dedos, fazia um movimento giratório bem lento com a mecha, mantendo-a assim no ar por um ou dois segundos, para só então largá-la de volta para as costas. Alguns segundos se passariam até que outra mecha insistisse em passar para a frente do corpo, quando então todo o ciclo se reiniciaria. O gesto se repetiria.
“Tudo é uma questão de adaptação,” falou Samantha. “Quando um paciente chega com um tumor no fígado, por exemplo, o sistema energético dele já tentou, de tudo que é forma, se adaptar, se reequilibrar. E ainda estará tentando se adaptar.”
E a aula continuou.... Qi (energia). Mecanismo de adaptação. Nós somos Qi. Viagem no destino porque nós estamos viajando por este planeta. A Terra se desloca no infinito espaço... Eu escrevendo, desenhando...
“Nós somos moldados pelas nossas referências,” continuou Samantha. Você deve se perguntar: ‘Você pensa assim ou você foi ensinado a pensar assim?’; ‘Qual pensamento é genuinamente seu?’; ‘Quem é você?’”
“Quem sou eu?”... A pergunta calou forte em meu coração... E o meu espírito viajou para longe de Santa Teresa... foi até a Vila da Penha, lugar onde moro... Vi-me sentada na cama do meu amigo de infância, o Marco. Estávamos proseando, jogando uma boa conversa fora. “A gente tem que se livrar dessas crenças que a gente se apegou, sabe? Está tudo aqui, ó, na nossa cabeça!” dizia Marco, gesticulando muito com os braços em volta da cabeça. Seus cabelos cor de mel mexiam-se no topo de um lado para o outro. Seus olhos verde-mar estavam encobertos por uma piscada longa. Depois, a imagem de Marco abria os olhos de novo, cessava o movimento das mãos e da cabeça, e havia um brilho especial em seu olhar... “Atma, este é o grande segredo da vida: a mente! Depois que eu comecei a me doutrinar, a só pensar em coisas boas acontecendo na minha vida, tudo melhorou para mim! Eu só penso nisso o tempo todo: só me vejo em situações boas o tempo todo! Eu cheguei a um ponto de concentração que, de olhos abertos, sou capaz de criar verdadeiros cenários ao meu redor, e eu posso me ver de vários ângulos dentro deste cenário! Este é o poder da mente! Este é o segredo da Lei da Atração!”
Eu continuava sentada na cama, com as pernas esticadas, e o corpo jogado para trás, apoiado em dois travesseiros nas costas. Eu sentia uma pontadinha de dor na lombar, por causa da leve insegurança que dá quando você acaba de abrir uma empresa e isso te dá um baita frio na barriga.
“Você tem que se ver com uma pasta de executiva, muito próspera, saindo do seu carro, tudo dando certo! Eu já vejo você assim!” disse ele, sacudindo de novo os braços em volta da cabeça. “Eu já vejo você assim!”
“Isso! Eu sou capaz de fechar contratos para a minha empresa! Eu sou próspera e confiante! Eu sou o poder da minha mente! Eu sou uma luz no universo! Eu quero, eu posso, eu consigo! Eu já tenho tudo isso na minha vida! Basta eu acreditar para que tudo se materialize nesta dimensão física!” repeti, entrando na vibração de empolgação. Para a Lei da Atração funcionar, você não pode só querer de leve, nem pensar de leve. Você tem que se emocionar! Tem que realmente se apaixonar pela ideia! É preciso gerar aquela onda de energia bem forte!
“Eu larguei um trabalho público e hoje sou muito mais feliz,” a voz de Samantha trazia-me de volta à sala de aula. Opa! O que ela estava me dizendo era bem diferente do padrão de referências que eu sempre ouvia em casa: “Você tem que passar em um concurso público! Este é o único caminho da segurança e da estabilidade na vida!”
“Nunca se falou tanto em doenças auto-imunes como hoje em dia,” dizia a professora. “A doença auto-imune é o próprio Ser que se aniquila. Porque ele está em um projeto de vida que faz com que ele tenha vontade de morrer. É por isso que eu larguei o meu trabalho público: porque eu queria ser feliz. Vi outro caminho, me planejei, e fiz a transição. Também nada deve ser dramático. O drama faz parte da cultura ocidental. Podemos fazer tudo na base da felicidade.”
Nesse instante, levantei o meu dedo indicador e balancei-o como uma setinha acima da minha cabeça, pedindo a palavra. “Professora, tem uma história que eu gostaria de contar para a turma, para ilustrar o que a senhora disse. Posso falar?” pedi.
“Pode, sim,” Samantha permitiu.
Eu ri, já lembrando do causo engraçado que me acontecera meses atrás...
“Uma vez, eu recebi um telefonema,” contei. “Era uma mulher, que se apresentou como psicóloga. Ela era muito boa com as palavras e, em pouco tempo, me contou tudo: havia conseguido o meu telefone com uma amiga. Ela estava desesperada querendo falar comigo para ver se eu conseguiria ajudá-la. Ela ouvira dizer que eu era uma excelente terapeuta e tinha colocado todas as esperanças nisso. Não me envaideci com o comentário, primeiro por saber que ainda tenho muito angu para comer antes de ser “excelente” – faltam-me os anos da experiência! – e depois porque percebi que a mulher estava querendo dar uma amaciada no terreno, me conquistar, para depois me pedir algo...
O caso é que a irmã dela estava desaparecida e ela andava muito triste por causa disso. Eu mesma me compadeci da situação, imaginando o quanto era doloroso ter uma irmã desaparecida! Nossa senhora do céu... Pois bem, fiz umas perguntas daqui, outras dali... e, por fim, a mulher acabou me revelando que a irmã dela não estava tão desaparecida assim... A verdade é que a irmã havia fugido para a floresta com um Xamã e agora só mandava um email ou outro para a família, por muita insistência, no máximo uma vez por ano.
Eu achei foi engraçada a história mas, por educação, fiquei quietinha ao telefone, como mandava a boa etiqueta. Fugir com um Xamã? Que legal! A psicóloga continuou tagarelando, fazendo-se de vítima aflita, fazendo-se de coitada! Pobre que ela era! Ela, que era a filha responsável! Ela, que agora estava cuidando da clínica da família sozinha! Como a irmã dela podia ter abandonado tudo assim de uma hora para outra? A irmã dela que tinha cinco empregos como médica – médica! - e ganhava mais de vinte mil reais por mês!”
Eu ia contando o causo, gesticulando à boa moda italiana. A turma ouvia, interessada. Eu lembrava da voz da psicóloga ao telefone e ria comigo mesma.
“A voz arrogante da psicóloga foi me chateando,” continuei, “e, enquanto ela me relatava a sua triste história, fui me afeiçoando cada vez mais pela doida varrida da irmã dela que era médica e tinha cinco empregos e era superinfeliz. Corajosa! Mudou o jeito de viver a vida! Trocou as referências! Sanou a mente! Curou a vida! Imagine que a médica não devia nem ter tempo direito para namorar antes! Que isso! Devia era estar em uma rede bem gostosa agora, com aquele Xamã bem lindão lá na floresta! Por quê a psicóloga estava reclamando tanto? Não queria que a irmã médica fosse feliz?! Como a psicóloga estava sendo manipuladora... Eu estava sentindo que logo logo a minha etiqueta ia por água abaixo... A psicóloga falava, falava, tentando me convencer. Ela queria arrancar da minha boca aquilo que ela queria ouvir. Procurei uma brecha no discurso dela e falei, “Eu tenho uma solução bem simples para acabar com esse problema na sua família.”
A mulher parou de falar e ficou em silêncio. Depois, disparou uma série de perguntas: “É? Você sabe me falar alguma coisa sobre essa seita xamânica? Como você pode me ajudar? De repente, entendendo como a Karen se meteu nisso, de repente eu posso ajudá-la voltar ao normal, sair dessa!”, implorou-me, com voz aflita. “Qual é a solução para trazer a minha irmã de volta?”
“Respeite a sua irmã,” eu disse, com a voz mais calma do mundo.
“Como assim?” fez ela, com uma voz agora não tão amistosa. Ela esperava que eu fosse dizer a ela tudo aquilo que ela queria ouvir. Com certeza, telefonou para o número errado! Eu procuro ser bem educada: ao máximo, posso dizer. Mas não tente me manipular. Não tente torcer o meu querer. Não tente mesmo! Abri o verbo:
“Quando você aprender a respeitar a sua irmã, então ela poderá voltar a se comunicar com você, pelo menos por email, que é o que você diz que tanto quer. Mas eu acho que você só quer controlar a vida dela. Eu teria feito o mesmo que ela fez se eu tivesse uma vida tão chata! Trabalhar em cinco lugares diferentes?! Não, não! Simplesmente não dá! Dinheiro nenhum vale a pena se você não tem tempo para o lazer, para descansar! Que isso! Olha, você já assistiu o filme Avatar?” perguntei, sabendo que isso poderia irritá-la ou que simplesmente ela não iria entender nada do que eu estava querendo dizer.
“Avatar? Ah, aquele filme com as pessoas azuis?” perguntou ela, estranhando o meu método de terapia.
“Esse mesmo! É o meu filme preferido! Eu peço que você assista a esse filme três vezes, e então você vai entender o espírito de liberdade da sua irmã. Se quiser, pode me telefonar depois ou mandar um email e me dizer o que achou,” falei, sabendo muito bem que a probabilidade dela me ligar seria muito vaga, praticamente nula.
“Mas...” tornou ela. Interrompi: “A sua irmã é o povo de cor azul. Anote isso em um bloco, para não se confundir na hora do filme. Preste atenção na hora que eles voam naqueles pássaros maravilhosos, na hora que eles se apaixonam, que eles se conectam com o espírito da natureza... Preste atenção... Aí você vai entender tudo...”
“Olha, Atma, eu vou seguir as suas orientações,” tornou a psicóloga, empregando um tom formal à voz.
“Siga, sim...” disse eu, quase caindo na gargalhada. “Vai dar tudo certo,” disse. E pensei: “E vê se para de encher o saco da sua irmã! Deixa ela lá na rede namorando com o Xamazão dela!”
O pessoal da turma riu à beça e eu fui terminando a história: “E, é claro, essa psicóloga nunca mais me telefonou...” Para mim tanto faz se ela assistiu ao filme ou não. Eu só não podia permitir que, além de querer manipular a família dela, ela quisesse vir manipular a mim também! Ah, sai pra lá!
“Pois é, uma das coisas mais difíceis é a arte de se relacionar com os outros,” tornou a professora Samantha, aproveitando o gancho. “Certa vez, por exemplo, o Dr. Padilha fez um congresso no México onde havia uma série de autoridades no local. Um médico sanitarista sentou-se ao lado dele e o Dr. Padilha perguntou como ele estava resolvendo o problema do cinturão de pobreza na cidade. Conta-se que o médico negou firmemente que o cinturão de pobreza existia e ficou muito aborrecido com o comentário, tendo-se levantado e ido embora.
“A maioria dos políticos foram criados em um referencial de uma classe dominante. Eles não conhecem de fato o dia a dia da população, essa realidade. Aí é que vem a grande armadilha da democracia... Porque os políticos não vêm além do próprio umbigo!” disse Samantha. E logo emendou:
“Mas nós também fazemos isso! Sempre damos as mesmas respostas para tudo!” disse a professora, fazendo-me voltar, como um raio que viaja pelo espaço, para o quarto do Marco, meu grande amigo.
Vi-me então em um outro momento nosso... Éramos um pouco mais jovens... Eu usava uma franja nos cabelos e estava com roupas de ginástica. O Marco era gordinho naquela época. Ri. Ele me dizia, “Se você faz sempre as mesmas coisas, você terá sempre os mesmos resultados!” Ele me dizia isso porque, amigo e confidente, ele estava me flagrando em um padrão repetido de crenças que eu insistia em repetir feito um papagaio maluco cuja mente está adormecida - não desperta! A minha mente estava presa em uma armadilha, fechada nela mesma, e eu havia me esquecido completamente do poder dos meus pensamentos, emoções e sentimentos. Quais eram as minhas crenças? Por que eu implorava sempre, com tanta ansiedade, a atenção de um homem? Eu queria porque queria um namorado. Mas o namorado nunca vinha. Eu me sentia só, muito só. Havia os amigos, mas eu queria alguém especial. Só que eu me sentia insegura. Estava gorda, com certeza. Feia. Quem ia olhar para mim e se interessar de verdade? Quando eu ia conseguir ficar esquelética igual às meninas das revistas? Por que eu não tinha dado sorte e nascido com tendência para emagrecer? Por quê só de respirar eu já estava engordando? Por quê eu ia morrer gorda e sem namorado? Eu estava em crise! Minha mente acreditava piamente naquelas frases... e eu as repetia mentalmente sempre, mesmo que eu mesma não percebesse.
Porém, o Marco conhecia muito bem a mente de sua amiga de infância. Ele sabia o que a minha mente maquinava contra mim mesma em vários aspectos! Por mais que em alguns momentos eu me dissesse linda, e que tinha certeza que o homem certo para mim ia aparecer logo, no fundo, no fundo, o Marco via muito bem uma angustiazinha lá no fundo da minha alma... Um medo de nunca mais encontrar alguém para amar de verdade... Um medo de nunca conseguir emagrecer...
“Você é linda, minha amiga!” prometia-me o Marco. “Existem vários tipos de beleza e vários tipos de homens que gostam de diferentes tipos de mulheres! Quando eu me apaixono por alguém, eu sinto a pessoa por essa região daqui, ó!” disse-me ele, fazendo um grande círculo com as mãos, passando em volta dos olhos. “Eu gosto de ver as atitudes da pessoa, a verdade do olhar!” disse ele. “É pelo espírito que eu me apaixono! E os seus olhos são lindos, você sabe muito bem da força do seu olhar!”
Minha auto-estima melhorava um pouco. Mas ele sabia muito bem que não adiantava nada falar duas horas no meu ouvido... Nada adiantaria se eu não acreditasse! Tudo tinha que mudar dentro da minha mente. Dentro do meu coração. O que eu de fato queria? O que eu de fato sentia? Eu gostava realmente de ser muito magra ou só queria me enquadrar em um padrão? Será que eu até podia gostar das minhas curvas, das minhas pernocas?
“É aqui que você tem que acreditar, Atma! Aqui!” dizia-me o Marco, e eu enfiava um bocado de pipocas na minha boca, e ficava mastigando-as feito aquela girafa do zoológico. A imagem dele agora se misturava com a imagem da Pri, outra amiga minha que é fã da Lei da Atração.
“Muitas pessoas já mudaram suas vidas por causa desse conhecimento revelador e maravilhoso!” contava-me Priscilla. “A vida não precisa ser assim, do modo como acreditávamos antes. Tudo pode ser muito melhor... Não precisamos de sofrimentos. Podemos ser prósperos, saudáveis, felizes! Esta abundância está disponível para todos os Seres! Não apenas para alguns. Existe, infinitamente, para todos!”
“Sanar é estarmos conscientes para darmos respostas diferentes,” tornou a professora Samantha. Anotei em meu caderno: “1) Ter consciência do padrão atual. 2)Mudar as referências.”
“Só a partir do momento que a gente tem consciência é que podemos mudar alguma coisa,” falava a professora.