Querido Diário,
Ontem senti irresistível impulso de comprar esta publicação da SCIENTIFIC AMERICAN - MENTE & CÉREBRO. A matéria da capa "EM BUSCA DA CURA", chamou a minha atenção de terapeuta naturalista na hora. O que as publicações científicas estariam elocubrando a respeito do tema?
Fui direto para a página 28 e li avidamente o conteúdo: "A ciência ainda não explica o que os religiosos chamam de "milagre". Mas estudos têm demonstrado que, em alguns casos, a fé pode estimular habilidades mentais e ajudar a melhorar a saúde" - informavam as primeiras palavras da matéria.
Antes de passar para a leitura completa, resolvi dar uma folheada na publicação quando, para a minha surpresa e felicidade, vi a foto de nosso querido guru na página 31. Abaixo, o enunciado: "Levitação, ubiquidade e materializações: seguidores de Sai Baba, hoje com 83 anos, estão convencidos de que ele é capaz de fazer milagres e juram ter assistido a centenas de fenômenos sobrenaturais."
Seguem trechos curiosos da publicação:
Os grifos e as observações entre [colchetes] são minhas.
(...) "A religiosidade também tem grande influência sobre as decisões dos pacientes que enfrentam tratamentos de saúde complicados. O Journal of Clinical Oncology publicou em julho do ano passado um estudo realizado com 100 pacientes com câncer de pulmão em estado avançado, seus parentes próximos e 257 oncologistas. Os pesquisadores pediram aos participantes para classificar, em ordem de importância, sete fatores que poderiam influenciar sua decisão de enfrentar a quimioterapia, considerando todas as incertezas e desconfortos do tratamento: recomendação do oncologista, fé em Deus, eficiência do procedimento para curar a doença, efeitos colaterais, recomendação do médico da família, pedido do cônjuge, pedido dos filhos. Os três grupos (pacientes, família e médicos) classificaram a recomendação do oncologista como mais importante. No entanto, enquanto os dois primeiros colocaram a fé em Deus em segundo lugar, os oncologistas consideraram esse quesito o menos importante. Esse estudo sugere que os profissionais de saúde muitas vezes subestimam o papel que a religiosidade tem sobre a postura dos pacientes.
O curioso, porém, é que a própria medicina e os processos terapêuticos têm raízes na magia e na religião. Os xamãs, os reis taumaturgos e os santos - como Cosme e Damião, os chamados "gêmeos curadores" - são os "antepassados" dos clínicos atuais. Os hospitais da Idade Média, inicialmente concebidos como refúgios para idosos, peregrinos e enfermos,eram construídos e administrados por religiosos. A prática de cultivar, conservar e estudar as propriedades medicinais das ervas (que deu origem à atual farmacologia) [e fitoterapia] teve início nos mosteiros. Mulheres que desenvolviam essa sabedoria, fugindo ao controle da Igreja Católica, eram consideradas bruxas perigosas - seu saber era ameaçador. Afinal, a habilidade de aliviar sofrimentos conferia poder. O ato de cuidar e, em especial, de curar sempre foi considerado divino, sobrenatural, mágico - haja vista o prestígio que os médicos ainda detém." (...)
(....) a surpresa pode ser provocada por um truque ilusionista, como o aparecimento totalmente incompreensível de objetos nas mãos do mágico. Ele lembra que há pouco mais de um século, voar com veículos mais pesados que o ar teria sido considerado um empreendimento impossível, talvez milagroso, assim como hoje pode parecer, por exemplo, a cura espontânea de uma doença grave. Logo, o milagre é um fenômeno que não pode ser explicado segundo as leis naturais conhecidas, de forma que ele só pode ser constatado em outro momento histórico após complexa investigação." (...)
(...) "Gramatica observa que assim como na física, a religião se baseia no raciocínio de que o universo é constituído por matéria e energia e essas categorias estão intimamente relacionadas. "Mas a realidade não é constituída somente pelo mundo das moléculas; na religião consideramos também a dimensão espiritual, que confere sentido às outras duas", afirma. Para o físico, o milagre é uma intromissão - incomum - do futuro no presente, um intercâmbio intangível, lítico e inteligível. Ele não vê contradição entre ciência e fé, entre leis da natureza e milagres. O que falta, provavelmente, é entender melhor o universo - dentro e fora de nós." (...)
(...) "Afinal, o que dói mais, o corpo ou a alma?" (...)
(...) Saúde na palma da mão (...) O pesquisador observou queos roedores que passaram pela imposição de mãos apresentaram aumento do número de célular de defesa, como linfócitos e monócitos.Além disso, essas células revelaram o dobro do potencial para destruir as tumorais. (...) [Reiki...]
(...) "a evolução das doenças e, particularmente, das degenerativas, é determinada por um conjunto complexo de elementos, entre os quais o estado emocional, que interagem de forma dinâmica, com uma intensidade que varia de acordo com o momento. "Na realidade, ainda sabemos pouco sobre as bases biológicas dos processos mentais, portanto a descirção das relações entre as interações fisiológicas, patológicas ou não, é vaga. Penso que este estudo só terá sucesso se a mentalidade dualista de corpo e mente separados for abandonada, pois oferece respostas simplistas e dificulta o estudo científico de fenômenos mais complexos." (...)
Atenção: Os trechos acima foram retirados da revista Scientific American, e representam o debate científico atual do OCIDENTE. Entretanto, no Oriente nunca se separou espírito, mente e corpo, que são a base da Medicina Oriental.
Seguem trechos abaixo, que escrevi certa vez no blog e que agora servirão perfeitamente para ilustrar como a Medicina da Terra SENTE e pensa... Boa leitura!
(...) "Oba! Matéria nova! Shen Qi, energia psíquico-emocional.
"Para a Medicina Tradicional Chinesa, a formação do psiquismo será influenciada por questões anteriores à fecundação," iniciou o nosso querido mestre. "Vejam bem, na MTC essa questão não está ligada à idéia de reencarnação."
Victor foi para o quadro e apagou o conteúdo antigo. Pegou um giz branco e escreveu espírito. Com um giz amarelo, escreveu alma. "A alma é diferente do espírito," continuou o professor. "A alma está fixada na matéria, é a memória da alma." Largou o giz, e veio sentar-se perto de nós, de modo a ficarmos bem próximos, e continuou a falar, "Os seres humanos estão em conflito constante. Existe uma batalha entre diferentes eus dentro de cada um de nós. Isso porque nós recebemos uma carga psíquica do nosso pai e da nossa mãe, nós trazemos a carga psíquica no nosso espírito individual, e ainda somos afetados pelo condicionamento externo, que molda o nosso modo de pensar."
Escrevi no meu caderno: "É natural que o ser humano esteja em conflito constante, contradizendo-se a si mesmo a cada dia. É a luta pelo poder de seus diferentes eus. Quem irá dominar?"
O professor disse, "A minha alma vegetativa é formada pela psiqué do meu pai e pela psiqué da minha mãe. Eu já nasço com essa memória gravada dentro de mim. Além disso, eu começo a ter experiências e a produzir novos entendimentos a partir delas. Então, agora eu já tenho três bagagens para pesar na hora de tomar uma decisão. Toda vez que eu precisar, eu vou pesar a minha decisão em cima do banco de dados que eu tenho. E toda conclusão a qual eu chegar também ficará armazenada na minha alma."
"Complexo mesmo..." pensei, lembrando-me da época que eu vivia pesquisando sobre o Inconsciente Coletivo.
"O condicionamento externo vai te embutindo, te tolindo," continuou o professor. Você é que precisa ver o que é realmente importante para você. O condicionamento externo te diz que você tem que almoçar meio-dia. Só que esse horário foi criado para dividir a jornada de trabalho. E se você não estiver com fome ao meio-dia? E se você quiser fazer jejum por um ou mais dias?"
"Eu gosto de fazer jejum," pensei cá comigo.
"Para a Medicina Tradicional, o sono é de suma importância para que você processe a energia mental gerada durante todo o dia," disse ele. "Bem, então nós vimos sobre a energia da alma. Agora vamos ver sobre a energia do espírito. A informação espiritual traz toda a informação do meu espírito. Então, observe quantos dados nós precisamos cruzar ao tomar decisões. Por isso, é normal que o ser seja conflituoso, porque existe esse acúmulo de informações, que na maioria das vezes se conflitam."
A sala está um silêncio só. Todo mundo ouvindo tim tim por tim tim.
""Quero, mas não posso! Posso, mas não devo!" faz o professor, teatralmente, representando um ser em grande sofrimento pelo seu conflito interno. Depois, ele ficou parado e, com seu gauchez, concluiu, "É preciso ter um equilíbrio entre as partes. Existe uma ligação entre todas essas partes, entre todos esses eus... Existe uma energia que faz este equilíbro..."
Deve ter sido de propósito que ele fez uma pequena pausa na fala antes de anunciar o remédio para todo esse conflito angustiante! "Ai, fala logo!" pensei, quase deixando a frase escapar pela boca.
"A ligação entre todas essas partes conflitantes é o seu desígnio!" falou o mestre, finalmente. "Se você se concentra no seu desígnio celeste, ou seja, na sua real função no universo, então você dilui significativamente o conflito."
"Hm..." fiz eu, e todos os alunos na sala. O pessoal que usa óculos está olhando por de cima das lentes, com a cabeça um pouco inclinada para baixo, sobrancelhas levemente levantadas. Os braços-alavanca estão com o tórax bem aberto. O pessoal que estava encostado está com o corpo ereto. Quem estava deitado, levantou. Engraçado como todo mundo adora esses assuntos sobre mente, emoção, psique, espírito! Eu também!
"A chave para diluir o conflito é focar na virtude, não no problema," continuou o professor Victor. "É não hipervalorizar o problema. Isso é fruto da nossa cultura, que tem a tendência de focar no drama. Foi uma herança grega. As pessoas vivem em drama, em torno dos problemas!" protestou ele. "Na hora das nossas pausas, eu sempre ouço os alunos falando de vários problemas," confessou ele. "A tua vida não está um problema, foi tu que fizeste da tua vida um problema!" alertou.
Olhou para nós com seu intelecto iluminado. "É igual ao Tamagosh, sabe?"
Todo mundo riu, surpreendidos que fomos com a piada no meio de uma matéria tão densa e complexa.
"É! Aquele Tamagosh que você tinha que criar. Dar comida para o Tamagosh ficar feliz. Colocar o Tamagosh para dormir," continuou o professor, em tom de piada. Eu estou rindo muito.
"E algumas pessoas ainda se chateiam quando você não se importa com os problemas delas!" falou ele, levantando os braços para o alto, acho que representando uma pessoa desesperada. "E não é para se importar mesmo! É para focar no que você gosta de fazer na vida!"
(Eu gosto de escrever. E gosto das artes em geral, incluindo a digital.)
"A proposta para a saúde não é desdenhar nem fingir que o problema não existe," alertou o Victor. "A proposta para a saúde é focar na virtude! E o resto deixará de ser necessário. Uma pessoa que foca na sua virtude será uma pessoa feliz," concluiu, e eu sorri, feliz da vida, porque eu faço o que eu gosto, mesmo com todo o conflito que tive que vencer para retornar ao meu caminho essencial e cumprir o meu destino.
"Sabe qual é o problema? O problema é ficar obsecado no problema!" tornou ele. "Na criação de uma criança, por exemplo, você precisa focar no que ela faz bem, e não no que ela faz de errado."
Um aluno levantou uma discussão interessante, lembrando que a doença te permite certas coisas boas, como ir dormir na cama da mãe, não ir para a escola, ir dormir mais tarde. Sendo assim, as crianças aprendem a usar um problema para conseguir algo que querem. Todos concordaram, e penso que também os idosos usam essa técnica da chantagem. As relações afetivas estão cheias de chantagens. "Você não me ligou!" (voz de drama). "Você não liga para mim!" (mais e mais drama).
Escrevi com letras bem enormes no meu caderno: "Focar na virtude!"
Agora o professor foi para o quadro de novo e, no canto esquedo, escreveu self, e desenhou um círculo em volta. Depois, outro círculo, outro e outro, formando uma série de camadas externas em volta do self. "Muitas vezes você não pode ver o verdadeiro self da pessoa, porque ela está com muitas capas condicionadas em volta de si. Porque ela passou a "fingir" que gosta disso e daquilo, e não das coisas que realmente gosta..." denunciou. "Ao seguir o seu desíngio verdadeiro, o self se expandirá de tal forma que a pessoa nem se lembrará do "problema", porque ele deixará de ter importância."
Escrevi: "Os problemas perdem a força frente ao cumprimento feliz do destino do ser."
"Ou seja," tornou o professor Victor. "A alma tem a natureza dividida em cinco partes, e cada parte está alocada em cada um dos cinco órgãos. Por isso, cada órgão possui uma natureza psico-emocional."
"Hm... Legal..." pensei, e já não estava reparando em ninguém na sala, só concentrada no conteúdo da aula.
"Posso apagar o quadro?" indagou o professor.
"Pode!" acho que fui a primeira a responder. Preciso trabalhar melhor a minha ansiedade.
O nosso adorável mestre então começou a desenhar uma série de círculos no quadro, cinco no total. Cada círculo estava na posição de um elemento da natureza: fogo, terra, metal, água e madeira. Puxou uma cadeira para perto do quadro negro, sentou-se, cruzou uma perna por cima da outra, e falou, "É bom ter medo, mas ter medo demais é uma condição patológica. Tudo o que é demais ou de menos é patológico: responsabilidade demais, responsabilidade de menos. Raiva demais, raiva de menos."
Hoje o professor não está com a mania de esfregar o topo da cabeça. Em vez disso, ele está puxando os cachinhos para a frente da testa, faz um enrolado rápido com o indicador no cacho, e depois lança-o para trás novamente.
"A ira consome muito da tua essência," disse o professor. "Quem vence o outro é forte, quem vence a si mesmo é poderoso, como já dizia Lao Tsé."
Pensei em Krishna e Arjuna... e sorri. Eu gosto muito dessa parte da matéria que fala sobre as emoções. Agora o quadro está com uma série de anotações feitas em cada círculo: Energia do baço-pâncreas: ligado à obsessão. (Observação: a obsessão por si só não é patológica, porque você pode ter uma boa dosagem de obsessão para, por exemplo, concretizar o seu sonho, o seu desígnio. O excesso ou a falta dela é que se torna patologia.) Energia do pulmão-intestino grosso: recordação, melancolia. Energia do rim-bexiga: medo, responsabilidade. Energia do fígado-vesícula biliar: ira, cólera, decisão. Energia do coração-intestino delgado: tristeza, alegria. Deixa eu anotar isso tudo aqui. Eu fiz um combinado comigo mesma: eu vou sempre anotar toda a matéria de novo, mesmo quando ela for repetida para mim. Eu já havia estudado esse assunto durante a minha formação de shiatsu, mas vou anotar tudo de novo. Até porque aqui na Neijing eu estou revendo toda a matéria de uma forma muito mais profunda, complexa e... verdadeira, eu diria!
Agora o professor está filosofando, falando sobre uma música de Vinícius de Moreas que fala com carinho sobre a tristeza. Um certo grau de poder sentir você mesmo. Quem disse que nunca se pode ficar triste? As pessoas às vezes se sentem obrigadas a colocar uma máscara de sorrir sempre. Essa música fala sobre uma visão poética da tristeza. Da tristeza que se permite sentir quando é para sentir. Fiquei pensando que é uma pena ele não estar com o violão dele aqui para tocar a música para nós.
"Tristeza de menos é um auto-sacrifício de si mesmo." disse o professor. "É natural ter alguns momentos de baixa. Ter que rir e achar tudo fantástico o tempo todo não é natural. Não existe razão para estar alegrão o tempo inteiro. É saudável viver um certo toque de tristeza."
"Senão não existiria a energia do pulmão..." pensei. Escrevi: "O pulmão expande, enche-se de prana. Mas também se retrai, expulsando a força de vida. O pulmão é triste e é feliz, assim como cada ser humano."
"É bom aprender a jogar xadrez," sugeriu o professor. "Jogar xadrez desenvolve muito a reflexão das reações sobre as ações." Que carinhoso ele nos instruir ações desse tipo, como um mestre mesmo, que procura ensinar tudo o que estiver ao seu alcance de conhecimento aos seus pupilos.
Agora ele está falando sobre o trauma. Não, não! O trauma não significa algo ruim. É só algo que marcou muito. Deixa eu anotar aqui no meu caderno: "A energia mental é processada nos diferentes órgãos. Existem canais de energia profundos que transportam a Shen Qi para que cheguem em cada órgão."
Nossa, essa matéria é mesmo muito legal, Diário!
"A energia Wei Qi circula externamente sobre a pele... mas ela não viaja sozinha... Ela viaja junto com o Shen Qi, porque ela faz a relação com o exterior e absorve a energia do exterior. Depois, cinquenta por cento dessa energia volta para o interior do corpo, pelos tendinos-muculares. Ou seja, toda a sua musculatura está condicionada à sua energia mental."
"Cada movimento nosso é regido pela nossa emoção," escrevi em meu caderno.
Canais profundos. Canais principais. Canais secundários. Fluxo da energia. Quem passa por onde. Wei Qi e Shen Qi. Pontos de reunião. Ramas energéticas de cada órgão (zang).
"Toda a energia produzida por cada órgão vai para o coração, porque é ele que completa o ciclo," concluiu o Victor. "É o coração que dá o ditame. É ele que toma toda decisão final. É por isso que ele é chamado de Imperador."
Como é lindo ver o ser humano por este ângulo...
Ai, que pena! Final da aula! Tudo bem, equilíbro! Harmonia! Tudo em excesso faz mal. E agora está na hora da aula terminar.
Levantei-me feliz e pedi para a Firmina me dar uma carona de carro até o metrô. De lá, segui para a casa do meu namorado, meu lindo filósofo... Já estava com saudade. Ele estava queimado de praia. Ficamos conversando, ele me contou como foi a primeira aula de surf, e eu fiquei fascinada admirando com um homem fica feliz quando faz o que ama.
Tchau, Diário! Até a próxima aventura!" (...)
(...) “Cada ressonador (ponto de acupuntura) possui às vezes até dezesseis nomes diferentes em chinês, cada um desses nomes descrevendo a função que aquele ressonador pode operar em todo o sistema de energia,” continuava o Victor, dizendo o quanto era ruim o que haviam feito no Ocidente com a Acupuntura, reduzindo cada ressonador a um nome pobre, seco, sem vida, sem raiz, retirando assim a real profundidade e multiplicidade de cada ressonador.
“Um pecado!” resmunguei, baixinho. Ai, m dá um mau humor pensar no que certas escolas fizeram com o ensino da Acupuntura... Dei graças a Deus por estar na Neijing, onde estou aprendendo Medicina Oriental em sua real profundidade.
“O nome de cada ressonador é importantíssimo porque nos fala quais são as suas características inerentes,” continuou o professor. Ele nos contou que, na China antiga, toda vez que um bebê nascia ele não possuía um nome ainda. Era preciso esperar o bebê nascer e então os sábios iriam observar as suas características, para só então dotá-lo de um nome que realmente o representasse.
“É justo, é justo...” considerei.
Olhei para o pessoal da turma. Alguns anotavam cada palavra que o professor falava, tal como eu o fazia. Outros tantos nem caderno levavam, apenas gravavam o áudio da aula em seus MP4. “Bem modernoso,” pensei comigo. Já eu não consigo estudar assim. Tenho que escrever, escrever, escrever. Senão não funciona. Alguns outros (o pessoal que estava perto da porta de vidro) assistiam a aula com o corpo inclinado para trás, apoiando o peso do tronco sobre os dois braços esticados que formavam uma alavanca de sustentação. Achei que era um modo bom de assistir a aula, porque o centro de energia do coração ficava bem exposto para receber o conhecimento da Tradição." (...)
Com amor,
Atma ;))