A fita cor de rosa.

Oi, Diário! Bom dia! Muito, muito bom dia! Eu agradeço pelo dia de hoje e abro espaço em minha vida para que milagres sigam milagres, de modo que as maravilhas nunca cessarão em minha vida! (Continuo persistindo no trabalho das afirmações positivas!)

Como você pode perceber, estou me esforçando para começar o dia com boas emoções no meu coração. Como andei passando por um período de dificuldadezinhas - até me envergonho de reclamar perto do que existe de pior por aí - preciso fazer um esforçozinho a mais para me manter bem, zen, livre, leve e de tórax aberto e respirante.

Sabia que muitas vezes ao dia me pego com o tórax fechado, corpo levemente encurvado para a frente? Eu, hein? Sai pra lá! Quero ter uma boa postura diante da vida.

Para me fazer lembrar todos os momentos que quero ficar com o tórax aberto, coluna ereta e com boas emoções no peito, resolvi amarrar uma fitinha cor-de-rosa no meu dedo mindinho para me ajudar a lembrar. Pelo menos nos primeiros dias. Depois disso, quando eu estivesse acostumada ao meu novo e saudável padrão tórax-aberto, poderia descartar a fita.

Só que a minha sobrinha Cristal não deixou porque não deixou a minha fitinha rosa em paz! Queria porque queria tirá-la e colocar no dedo dela "para fazer charminho".

"Mas você não precisa lembrar de abrir o tórax e manter boas emoções no peito, Cristal," disse eu, sabendo que ela não ia entender nada. Só tem quatro anos.

"Preciso, sim! Eu também sou adulta!" disse ela, retrucando, com seus grandes olhos cor de mel me encarando bem no fundo de minha alma de retina. No fundo do olhar dela, aquela alegria de brincar, o prazer de se enfeitar só para celebrar mais um dia de vida.

"Preciso resgatar essa mesma intensa alegria por estar viva. Pura e simplesmente por estar viva. Sem pensar em tudo o que eu quero conquistar. Sem colocar na balança o que eu já conquistei ou deixei de fazer. Será que eu tenho andado no automático a maior parte do tempo?" questionei-me, e sondei o meu coração. Hm... Onde estava aquela alegria intensamente vibrante só porque eu estava acordada de novo no plano físico, para mais um dia no planeta Terra? Te confesso, Diário. A vibração que encontrei estava levemente esmorecida... Eu estou falando de uma alegria de êxtase mesmo, de plenitude espiritual! Daquela que te deixa com os olhos brilhando muito e faz com que borboletas amarelinhas comecem a vir voar perto de você tão doce como o mel sua alma está!

Eu estava pensando nas borboletas quando, de repente, Cristal deu vários pulos na minha frente, dando-me vários tapas no joelho, trazendo-me de volta ao presente e perguntando, toda empolgada, "Tia! Tia! Vamos brincar que eu sou um gatinho e você é um au-au?" A vibração dela tomou toda a sala. Era a coisa mais importante do mundo. Eu fiquei pensando, “Meu Deus! Como é que essas crianças acordam todo dia querendo brincar e ficam assim até a hora de dormir? Quanta empolgação! Quanta energia!”

"Ah, vem, tia! Então vamos brincar que você é criança de novo!" pediu ela, curando o meu coração.

"Ah, quer saber?!" disse eu para mim mesma. Esqueci todos os afazeres urgentes do meu mundo adulto e me deixei brincar no chão da sala com minha sobrinha a manhã inteira. Eu era o au-au, afinal de contas, e tinha uma criança para fazer voltar a se empolgar: eu mesma.

Às vezes a gente diz que criança cansa, não dá sossego. Mas quem não dá sossego é a mente dos adultos, isso, sim. Criança é um tesouro do céu, porque força a gente a parar, a brincar, pelo menos um pouquinho com elas. E ai do adulto que nunca aceitar um convite de uma criança para sentar no chão e entrar no mundo da brincadeira e da magia. Ai do adulto que nunca aceitar esse convite...

A minha fita cor-de-rosa eu perdi. Minha sobrinha, voltou para Miguel Pereira. Mas de vez em quando eu lembro do gatinho e do au-au, e morro de rir sozinha! Imagina a cena, diário. Eu, grande igual a um gigante, andando pela casa com a Cristalzinha montada na minha garupa, parando para fazer xixi no poste (as portas da casa), levantando a perna e tudo, só para fazer a Cristal rir mais ainda porque com isso ela se desequilibrava um pouco e tinha que se agarrar ou nas minhas orelhas (doía um bocado!) ou nos meus cabelos (ai, doía mais ainda!). Depois, ela cismava que tinha que dar comida pro cachorro e, juntando as mãos em concha, ela fazia um pote de comida imaginária que eu devorava alegremente e depois fingia que lambia o rosto dela todinho de satisfação para então dar uma lambida de verdade bem no nariz dela. “Eca, titia!” dizia ela, e saía correndo pela casa. “Você não vai lamber mais o meu nariz, au-au!”
“Posso, sim!” respondia eu, já totalmente submersa no mundo da imaginação.

Vida de adulto às vezes cai na rotina. Ah, mas como é bom ter crianças por perto para nos lembrar o real motivo de se viver: BRINCAR, ACREDITAR, OUSAR, PULAR, VIBRAR... SER FELIZ!

Au au au au. Miau miau miau miiiiiaaaaaaauuuuuuuuuuuuuuuu.
:)

Com alegria,

Atma.